Palavra de Deus

Vocação à vida cristã

“Escutando, escutei o Senhor”
Após o encerramento do clico do Natal, com o batismo de Jesus no domingo passado, a Igreja inicia o período do Tempo Comum. Esse tempo está dividido em dois momentos ao longo do ano. O primeiro é este e segue até o início da quaresma; e retorna depois da Páscoa e se encerra com a celebração de “Cristo, Rei do Universo”.
E porque é um tempo comum não tem relevância? Ao contrário! É uma preparação, um itinerário para a gente se preparar diante do grande mistério da encarnação e da redenção de Jesus Cristo.
Dentro dessa perspectiva, a liturgia destaca o chamado de Deus à vocação, apresentando mais uma epifania de Jesus. Ele se manifesta aos primeiros discípulos, chama-os a conhecer sua “morada” e é reconhecido como cordeiro de Deus, mestre e messias.
Já na primeira leitura, Deus se manifesta para Samuel. Este ainda não é capaz de reconhecer a “voz” do Senhor. Ou seja, ele não conhecia a Deus, não estava iniciado na fé. Foi preciso que Eli, sacerdote do Templo, o orientasse: escute o que o Senhor quer lhe falar. Agindo assim, Samuel crescia em sabedoria e no entendimento da Palavra de Deus.
É preciso saber escutar o que Deus quer de cada um de nós! Deixar Deus falar! Ouvir a Deus e não as vozes dissonantes do mundo. Estas, muitas vezes, parecem ter mais eficácia que a de Deus. Parece que é mais fácil, mais prazeroso, ouvir a voz do mundo do que a de Deus! E você, atende ao chamado de Deus ou o do mundo?
No evangelho, João nos apresenta um itinerário interessante de como nosso chamado deve ser cultivado. João Batista indica Jesus a dois de seus discípulos. Esses ouvem e o seguem. Jesus quer saber o que eles procuram, o que querem. Eles o reconhecem como mestre e desejam saber onde Jesus mora. Para isso é preciso ir ao encontro de Jesus, segui-lo e ver como é sua habitação. Isso transforma esses homens. O tempo que ficaram juntos encheu-lhes de esperança e de alegria. Após esse encontro com o Cordeiro de Deus, mestre e messias, já não eram mais os mesmos. Um deles, André, não se conteve e foi anunciar Jesus ao seu irmão, Simão. Este ouviu e foi ao encontro do Senhor. A vida dele não foi mais a mesma, mudou de atitude e recebeu a missão de ser o esteio da igreja de Jesus.
A nossa vocação, nosso chamado, é assim também. Começa com um encontro pessoal, verdadeiro, único, com o Senhor Jesus Cristo. Aonde se dá esse encontro? Dá-se em qualquer fato da vida, por mais discreto, ou não, que possa ser.
Nossa primeira vocação é para a vida cristã, baseada no Espírito de Deus. Dá-se no ordinário do cotidiano: no casamento, no trabalho, na cultura, na política e em outras ações sociais.
Jesus, assim como perguntou aos discípulos de João, quer saber o que estamos procurando? O que queremos encontrar Nele? O que queremos que Jesus faça na nossa vida? Se a nossa resposta for igual a dos discípulos, “Mestre, onde moras?”, saiba que não importa aqui o endereço, o CEP, o prédio, a casa, mas sim, que Jesus quer morar onde há abertura ao amor, à ternura, ao carinho, ao serviço, aos que não têm seus direitos básicos respeitados, aos doentes aos abandonados…
A partir desse encontro, e dessa transformação na sua vida, a gente pode entender o que Paulo quer dizer à comunidade de Corinto, na segunda leitura. Reconhecer Jesus como Senhor e salvador, aderir ao seu ensinamento, faz com que cada um esteja unido a Ele pelo espírito. Isso implica em viver segundo o Espírito, ou seja, voltado para o bem ao próximo, à valorização da vida, glorificando a Deus com todo nosso ser.
Como santuário do Espírito Santo, onde habita Deus, seremos capazes de ouvir e entender o chamado de Deus, seremos capazes de promover em nossa vida, a partir das nossas atitudes e ações, um verdadeiro encontro com Jesus, fazendo da nossa vida um exemplo de cristão que valoriza o próximo. (Homilia do 2º Domingo do Tempo Comum)

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