“Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2Cor 12,10). Essas palavras de Paulo, no final da segunda leitura de hoje (08/07/12), revelam como aparentemente é antagônico a vida daqueles que desejam fazer a experiência do seguimento de Jesus. É fazendo-se fraco que Jesus emerge na vida de cada um de nós. De qual fraqueza Paulo trata? Com certeza, não é a do corpo, vulnerável a qualquer tipo de doença ou moléstia. O apóstolo quer acentuar a fraqueza daquilo que nos afasta de Deus, e que Jesus tanto combateu ao se encarnar em nosso meio.
Uma dessas fraquezas a primeira leitura nos apresenta. O profeta Ezequiel, sob ação do Espírito, é enviado aos israelitas que insistem em sua infidelidade com Deus. “Cabeça dura e coração de pedra” (Ez 2,4) revela um povo que não compreende a palavra de Deus e até rejeita a voz do profeta, que é enviado para anunciar as maravilhas e promessas de Deus e denunciar as infidelidades do povo eleito.
A arrogância que Paulo combate, é observada nos conterrâneos de Jesus Cristo, na narração do evangelho. Eles não compreendem o novo ensinamento que Jesus apresenta. Embora admirassem a pregação do Filho do carpinteiro, ficaram escandalizados. Jesus constata surpreso a falta de fé dos patrícios. Ainda estão presos as estruturas antigas onde só tem poder aquele que está na alta hierarquia do governo, desprezando assim os preferidos de Deus: os pequenos e humildes. O poder de Jesus é outro. Está enraizado na prática do amor, que acolhe e ampara os sofredores. A arrogância de muitos em Nazaré, é contraposta com esse novo ensinamento de Jesus, baseado também na humildade.
A prática de Jesus só terá vazão em cada um de nós, se despojarmos das amarras do orgulho, da arrogância, da soberba, de tudo que nos impede de aproximar de Deus e, por conseguinte, do próximo. É preciso fazer uma kenosis, ou seja, um esvaziamento dos nossos preconceitos para que o amor de Deus transborde nesse espaço. Só assim Ele poderá habitar os corações de pedra, frios, sem amor, transformando-os em verdadeiros espaços para ação do Espírito Santo. (EAC)