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Agosto é o mês das vocações

13 ago

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Estamos no mês de agosto e, como de praxe, a Igreja no Brasil celebra-o dedicando às vocações. Neste ano, a Campanha da Fraternidade e a Jornada Mundial da Juventude motivaram a todos evocando os temas da missão e do discipulado. Este Mês Vocacional, portanto, pretende ser um momento de reavivamento da nossa vocação e um tempo favorável para que cada um de nós assuma seu ministério ora recebido no batismo.

Embora as vocações lembradas neste tempo sejam relevantes, uma delas se reveste de dupla importância: a Sacerdotal! Primeiro porque o padre no seu ministério atua in persona Christi, ou seja, já não é ele, mas Jesus Cristo que assume suas ações eclesiásticas; em segundo porque sob sua orientação o povo caminha em busca da vida eterna, prenunciando o Reino de Deus aqui e agora.

A Igreja, portanto, dedica o início do Mês Vocacional ao padroeiro dos sacerdotes – São João Maria Batista Vianney (04/08). Esse santo exemplifica o teor sacramental vivido por um padre que, no seu momento histórico, enfrentou adversidades na família e na própria instituição religiosa, mas superou-as em prol de um bem maior: a de servir e amar o próximo.

A trajetória vocacional do Cura de Arns se assemelha a de muitos sacerdotes. Inclusive, podemos apontar alguns elementos essenciais na formação da sua vocação que fazem parte da de um padre. A família, os amigos, a comunidade, a faculdade, o Bispo, todos esses são importantes, mas não fundamental como é o aceite, ou não, da própria pessoa.

O grande protagonista da vocação sacerdotal é o próprio candidato ao sacerdócio. O beato João Paulo II, na exortação apostólica “Pastores Dabo Vobis”, afirma que “(…) o próprio candidato ao sacerdócio deve ser considerado protagonista necessário e insubstituível na sua formação: toda e qualquer formação, naturalmente incluindo a sacerdotal, é no fim de contas uma autoformação” (69).

O documento afirma ainda que embora a pessoa tenha a prerrogativa derradeira de escolha, deve crescer nele “(…) a consciência de que o protagonista por antonomásia da sua formação é o Espírito Santo que, com o dom do coração novo, configura e assimila a Jesus Cristo Bom Pastor: nesse sentido, o candidato afirmará a sua liberdade da maneira mais radical, ao acolher a ação formadora do Espírito” (idem). Desta mesma forma se dão as demais vocações lembradas neste mês: vida familiar, vida consagrada e ministérios e serviços na comunidade.

Vamos consagrar nossa vocação ao serviço de Deus e do próximo. Ave Maria…

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Jornada Mundial da Juventude

9 jul
Jornada: encontro propício com o Senhor!

Jornada: encontro propício com o Senhor!

“Acolham-se uns aos outros, como Cristo acolheu vocês, para a glória de Deus” (Rm 15,7).

A expectativa pelo início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013 aumenta a cada dia. Ela será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho e pretende reunir cerca de dois milhões de jovens de todo o mundo. Será o maior evento envolvendo a juventude no Brasil. A jornada revela-se ainda mais importante porque teremos a presença do Papa Francisco.

A pré-jornada, ou Semana Missionária (SM), ocorrerá entre dos dias 16 e 20 de julho, ou seja, uma semana antes da jornada principal. Milhares de jovens peregrinos serão acolhidos pelas famílias, colégios e entidades católicas.

Embora o evento principal seja a JMJ, a SM reveste-se de sua importância a partir de três eixos basilares: o da fé, o cultural e o da solidariedade. Pela fé será o momento propício de os jovens, oriundos de diversas nações, intensificar seu encontro pessoal com Jesus Cristo e seu Evangelho; na cultura, por meio da pluralidade de povos e línguas, será um espaço adequado para a partilha e o conhecimento de outros costumes; como experiência de solidariedade, o objetivo é envolver a juventude local e os peregrinos em campanhas e projetos solidários.

A Páscoa do Senhor acontece no mundo hodierno, em meio às dificuldades, alegrias e esperanças de seus seguidores. Viver a Páscoa de Jesus promove intensas mutações na sociedade: da cultura de morte passamos para uma de vida; da violência caminhamos para a paz; da maldade modificamos para homens e mulheres de bem; do ódio o amor triunfará; e da tristeza a alegria tomará conta do nosso ser!

O jovem será um missionário se seguir os passos dos apóstolos e discípulos do mestre Jesus. O Filho de Deus, ao ascender aos céus, não deixou órfãos seus seguidores de ontem e de hoje, prometeu-lhes um “advogado”, um defensor, o paráclito, que iria acompanhá-los em todos os momentos da missão. E assim o fez, conforme é retratado no livro dos Atos dos Apóstolos (1,8): “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra”.

Que Nossa Senhora e São Luís Gonzaga, Patrono da Juventude, abençoe os jovens e as pessoas que irão ajudar na semana missionária nesse tempo de graça e de encontro com o Senhor Ressuscitado! Amém!

São Paulo: Apóstolo dos povos!

2 jan

Monumento a São Paulo Apóstolo, próximo à Catedral, na Praça da Sé.

A Igreja de São Paulo celebra no dia 25 do corrente mês o patrono da Arquidiocese: São Paulo. Celebrar seu patrono requer fazer memória de sua história e da sua vida, atitudes e ações. Nesse sentido, Paulo, Apóstolo dos povos, fornece elementos abundantes da ação da graça de Deus em sua vida.

Paulo não foi contemporâneo de Jesus. Não conheceu o filho de Maria e José pessoalmente. Algumas correntes teológicas afirmam que ele poderia estar em Jerusalém quando da crucificação de Jesus. Importa, no entanto, saber que Paulo, motivado pela sua cultura judaica e sua formação farisaica, perseguiu os seguidores de Jesus. Acompanhou, inclusive, o processo de condenação de Estevão, primeiro mártir da Igreja.

Diante do seu ímpeto de perseguidor, quis Deus escolhê-lo para difundir a boa nova do evangelho. O encontro com Jesus ressuscitado, no caminho de Damasco, mudou completamente a vida daquele soldado romano, cumpridor fiel da lei judaica.

A conversão de Saulo (nome hebraico) apresenta elementos teológicos e pastorais importantes para a expansão do cristianismo: a fundação de comunidades fora do ambiente judaico (missão Ad Gentes), a divulgação do evangelho aos povos de outras línguas e o anúncio da ressurreição de Jesus (querigma). Com Paulo, Jesus torna-se conhecido fora do ambiente judaico. Outros povos, de diferentes línguas e nações, passaram a conhecer mais e melhor a Jesus Cristo e sua proposta de construção do Reino de Deus, onde todos os povos são chamados a formar a grande família dos filhos de Deus.

São Paulo é o apóstolo missionário por excelência. Também nós, filhos e filhas de Deus, por nosso Batismo, reconciliados no amor divino, somos impelidos, convocados, a sermos missionários em nossa Igreja; a começar pela nossa família, no trabalho, na escola, na universidade, nos círculos de amizade, enfim, assim como São Paulo, precisamos ser propagadores do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. São Paulo Apóstolo, patrono da Arquidiocese desta cidade, rogai por todos nós. Amém!

O povo de Deus em missão (15º DTC)

15 jul

Todo batizado deve continuar a missão de Jesus Cristo

Na primeira leitura dois sacerdotes travam um diálogo: Amasias e Amós. Este serve a Deus, chamado a ser oráculo do Senhor por vocação; aquele, funcionário do rei, defende os interesses do poder dominante. Ambos defendem um projeto. O do dominador, na qual está inserido Amasias, quer cada vez um povo oprimido e escravo, uma servil ao rei. O do libertador, ao contrário, prioriza a liberdade como fonte de felicidade e de realização humana; deseja um povo irmão, capaz de amar e de servir o próximo, não por obrigação, mas por amor.

O profeta profissional anuncia os interesses daquilo que o seu rei deseja. O profeta de vocação revela aquilo que Deus anuncia, é um servidor da Palavra, por isso denuncia também as injustiças contra o povo. Não pode se calar diante da opressão e da corrupção. O seu Deus é da justiça e da verdade. Por isso, envia Amós “Vai profetizar para Israel, meu povo”.

Amós reafirma que não é profeta ou filho de profeta, porque não é uma opção pessoal ou hereditária, ou profissional, é o Senhor Deus que chama a cada um de nós a ser profeta e missionário. Não há distinção de pessoa no chamado de Deus. Quando Deus nos escolhe nãoadianta fugir. Ele nos prepara e nos envia em missão.

Já a segunda leitura é um hino de louvor a Deus. Na gratuidade da missão de cada um de nós, Deus nos confirma para que sejamos santos e irrepreensíveis no amor ao próximo. Pelo Batismo somos enxertados na videira, cujo tronco é Jesus Cristo, assim somos predestinados para sermos filhos adotivos de Deus por intermédio do Messias. A nossa santificação se dá pela ação do Espírito Santo e na prática do amor ao próximo. Jesus é o evangelho vivo, encarnado, que veio nos mostrar o Pai.

 O Evangelho apresenta Jesus enviando os discípulos em missão. Para ser missionário do Pai é preciso desprender daquilo que nos aprisiona e nos afasta da verdadeira missão. Não precisamos carregar “coisas” demais, o desprendimento requer que acreditamos e depositemos a fé num único Deus. Não precisamos de falsos deuses, assim como o profeta Amós denuncia os pseudos profetas. O caminho para Deus está cheio de obstáculos, temos muitos motivos para passar ao largo do verdadeiro trajeto que conduz à felicidade, preferimos, muitas vezes, optar pela felicidade efêmera, passageira, baseada nas tentações do ser, do ter e do poder.

A nossa missão começa quando cada um de nós, de coração aberto a Deus, se converte. A minha conversão primeiro, depois a do outro. Como discípulos e missionários de Deus, como afirma o Documento de Aparecida, somos chamados a seguir de perto os passos de Jesus Cristo. Estaremos cada vez mais parecidos com o Mestre à medida que praticarmos as bem-aventuranças do Reino, no acolhimento ao necessitado, ao doente, na prática da caridade e no cumprimento à missão.

Cada um de nós tem uma missão. Jesus chamou seus discípulos para uma missão precisa, a de anunciar a boa-nova do Reino a todas as nações. Quanto mais estamos enxertados na videira que é Jesus, mais felizes nós devemos estar e anunciar com alegria esse encontro.

A missão não é a elaboração de um programa de tarefas a serem cumpridas ou a conclusão de um projeto, como assinala o Documento de Aparecida, mas sim a experiência do “acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade (…) (DA 145).

O discípulo missionário sabe que “sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há presente, não há futuro” (DA 146). Cada um de nós deve tornar visível o amor misericordioso do Pai, especialmente para com os pobres e pecadores, os doentes de toda natureza (física, psicológica, espiritual) e os possuídos pelo demônio (aqueles que causam intrigas e dividem a comunidade, famílias, relações etc.).

Quando estamos imbuídos dessa missão, como vocacionados por Deus, como Amós na primeira leitura, unidos a Cristo no seu amor, aí estaremos caminhando para nossa santidade. Para que assim vivamos não o conseguiremos sozinhos, valendo-se apenas das nossas próprias forças e desejos, Deus envia o Espírito Santo para nos vitalizar e encorajar nessa missão. Somos marcados com esse selo do Espírito, como afirma Paulo na carta aos Efésios.

Na carta aos Coríntios, Paulo apresenta uma imagem bonita dessa presença pneumatológica: “São vocês uma carta de Cristo redigida por nosso ministério e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo”.

A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro dos discípulos com Jesus Cristo, mas é ao mesmo tempo fonte inextinguível do impulso missionário. (EAC)